quinta-feira, 24 de abril de 2014

A Contabilidade no Brasil

O Brasil não possui uma escola de pensamento contábil genuinamente brasileira. Pode-se dizer que em um primeiro instante, a nossa contabilidade foi baseada no método italiano e posteriormente migrou-se para o método norte-americano, na qual persiste até os dias atuais. 

A contabilidade no Brasil ainda sofre grande influência da legislação tributária, notadamente da legislação do imposto de renda. Pode-se afirmar com certeza que em algumas organizações, principalmente nas micro e pequenas empresas, na maior parte do tempo o contador se dedica a questões tributárias. Nas médias e grandes empresas normalmente existe um departamento ligado a questões fiscais para tratar do assunto. Assim a contabilidade se subdivide em contabilidade financeira, contabilidade fiscal, contabilidade gerencial, contabilidade de custos etc. 


A contabilidade no Brasil teve uma primeira fase, quando então se utilizou o método italiano, cuja época vai de 1.915 à 1.964 contando com a contribuição de grandes autores dentre eles, Carlos de Carvalho, Francisco D`Auria e Frederico Herrmann Júnior. Atualmente são poucos os autores que seguem a corrente de pensamento italina, dentre eles destacamos o professor Antonio Lopes de Sá. 


Carlos de Carvalho apresentou uma contabilidade baseada na visão contista (escola contista), já Francisco D`Auria e Frederico Herrmann Júnior adotaram a visão patrimonialista (escola patrimonialista) como corrente de pensamento contábil. Para esses últimos tratadistas, o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio. 


Essa primeira fase de desenvolvimento da contabilidade nacional foi marcada por dois aspectos relevantes:


a) A intervenção da legislação no desenvolvimento de procedimentos contábeis;


b) Forte influência doutrinária das escolas italianas de pensamento contábil. 


Com relação à intervenção da legislação, principalmente a tributária nos aspectos de natureza contábil, cumpre destacar que o desenvolvimento da contabilidade deve-se muito às intervenções dessa natureza, porém há uma espécie de consenso entre os pesquisadores de que o excesso de normas às vezes atrapalha. O profissional passa grande parte do tempo lendo resoluções, decretos, portarias, instruções normativas, atos declaratórios e outros que alteram códigos de recolhimento, prazos de entrega de determinadas declarações etc, atos que praticamente não modificam o conteúdo das Leis, mas que na vida prática atormentam a vida das pessoas. 


A segunda etapa do desenvolvimento da contabilidade brasileira teve início em 1.964, ano em que o professor José da Costa Boucinhas introduziu um novo método de ensino da contabilidade. 


O professor Boucinhas adotou o método didático norte-americano baseado no livro Introductory accounting de Finney & Miller. A partir dessa mudança de orientação didática, a influência dos autores italianos e das escolas de pensamento italianas foi sendo substituída pela dos autores norte-americanos. 


Como conseqüência dessa mudança de enfoque, foi o lançamento do livro Contabilidade Introdutória, em 1.971, por uma equipe de professores da FEA-USP, livro adotado até os dias atuais, em suas edições mais recentes, em praticamente todas as faculdades de todo o Brasil, influenciando alunos e profissionais. 


A partir do ano de 1.964 os professores do departamento de contabilidade da FEA-USP passaram a desenvolver várias pesquisas e, de certa forma, a dominar o cenário nacional de pesquisas contábeis. 


O ano de 1.966 foi marcado por uma das maiores contribuições nacionais, a chamada escola de correção monetária. Foi nesse ano que o professor Sérgio de Iudícibus (FEA-USP) defendeu sua tese de doutoramento, intitulada Contribuição à Teoria dos Ajustamentos Contábeis. Pode-se dizer que esse trabalho foi uma das primeiras grandes contribuições da contabilidade nacional à comunidade mundial. 


A partir da adoção do método didático norte-americano pela USP em 1.964, e da apresentação do trabalho do professor Sérgio de Iudícibus, o direcionamento doutrinário contábil, especialmente do maior centro de pesquisa contábil nacional: o departamento de contabilidade e atuária da FEA-USP, muda definitivamente sua direção, abandonando as escolas de pensamento contábil italianas e assumindo os ditames da escola norte-americana. 


Uma das razões (entre as várias existentes) para a mudança de rumo foi a chegada das empresas de auditoria anglo-americanas que acompanhavam as multinacionais recém chegadas ao Brasil. Essas empresas ofereciam treinamento de alto nível aos profissionais para elaboração de peças contábeis, influenciando empresas menores e até legisladores. Tudo isso contribuiu para a mudança de rumo no Brasil. 


A consolidação da escola Americana no Brasil é fato consumado tendo em vista que o livro Contabilidade Introdutória (adotado em praticamente todas as faculdades brasileiras) dá um toque especial de contabilidade brasileira à contabilidade norte-americana e com a publicação da Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades Por Ações de 15 de dezembro de 1.976 que tem sua parte contábil inspirada na doutrina norte-americana. 


Apesar de o Brasil, não ter desenvolvido sua própria escola de contabilidade, as sucessíveis mudanças no cenário econômico, o período de altas taxas inflacionárias que perdurou até 1.995 e as inúmeras mudanças na legislação tributária fizeram com que a nossa legislação contábil seja uma das mais aperfeiçoadas do mundo. 


Assim como ocorreu com as demais escolas de pensamento contábil, não podemos nos esquecer dos mais destacados pensadores contábeis nacionais, dentre os quais: Carlos de Carvalho, Francisco D`Auria e Frederico Hermann Júnior. Este último trabalhou na organização e reorganização da contabilidade de importantes empresas como por exemplo: Mappin Stores, Indústrias Klabin, Caixa Econômica Federal, Companhia Siderúrgica Nacional e Companhia Vale do Rio Doce. 


Hermann Júnior, como era conhecido, publicou diversas obras ligadas a contabilidade e foi um dos fundadores e Presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (anteriormente chamado de Instituto Paulista de Contabilidade) e da Editora Atlas, organismos que existem até hoje. 


Atualmente pode-se dizer que o método norte-americano domina o cenário mundial, inclusive com forte presença na Itália. Os críticos atribuem aos Italianos, demasiado valor a questões teóricas, sendo esta a principal causa do fracasso italiano. Os italianos praticamente criaram a contabilidade e não souberam o que fazer com ela quando a mesma já estava em estágio adulto. 


Alguns eventos que marcaram o desenvolvimento da contabilidade no Brasil.


1.850 - Publicação do Código Comercial Brasileiro, na qual instituiu a obrigatoriedade da escrituração contábil e elaboração anual da demonstração de resultado e do balanço geral.


1.902 - 20 de abril, criação da Escola de Comércio Álvares Penteado.


1.931 - 30 de julho, publicação do decreto nº. 20.158 na qual organizou o ensino comercial e regulamentou a profissão contábil.


1.940 - Publicação do decreto nº. 2.627, a primeira Lei das Sociedades por Ações.


1.945 - A profissão contábil foi considerada como uma carreira universitária.


1.946 - Fundação da FEA-USP, instituição do curso de ciências contábeis e atuariais.


1.946 - Criação do Conselho Federal de Contabilidade e dos respectivos conselhos regionais.


1.971 - Publicação do livro Contabilidade Introdutória, equipe de professores da FEA-USP.


1.972 - Resolução 220 – Circulares 178 e 179 do Banco Central do Brasil. A circular 178 obrigou o registro dos auditores independentes no Banco Central e a circular 179 tratou dos princípios e normas de contabilidade (não listou os princípios, apenas normatizou).


1.972 - O Conselho Federal de Contabilidade baixou a resolução nº. 321, que conceituou os Princípios Fundamentais de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGA) e adotou as normas (quase que na íntegra) e procedimentos de auditoria elaborados pelo IAIB, atual IBRACON.


1.976 - Publicação da Lei 6.404, a nova Lei das Sociedades Por Ações (em vigor).


1.976 - Criação da Comissão de Valores Mobiliários.


1.977 - Publicação do Decreto-lei nº. 1.598 – adequou o Regulamento do Imposto de Renda (RIR) à nova Lei das Sociedades por Ações e estendeu as normas e princípios contábeis da Lei das Sociedades por Ações às demais empresas.


1.993 - Publicação da Resolução CFC 750, que estabeleceu os novos princípios fundamentais de contabilidade (em vigor).


1.995 – Publicação da Lei nº. 9.249, que eliminou a correção monetária das demonstrações contábeis. 


Ao analisar-se a evolução da contabilidade no Brasil, percebe-se que desde o início fica patente a interferência da legislação. 


Uma das primeiras manifestações da legislação como elemento propulsor do desenvolvimento contábil brasileiro, foi o Código Comercial de 1850, que instituiu a obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração anual da demonstração do balanço geral composto de bens, direitos e obrigações, das empresas comerciais.


Em 1902 surgiu em São Paulo a Escola Prática de Comércio que criou um curso regular que oficializasse a profi8ssão contábil. O objetivo desta escola era o de aliar ao desenvolvimento agrícola, o início da expansão industrial com a necessidade de habilitar e criar especialistas para, internamente, preencher as tarefas de rotina da contabilidade e controlar as finanças e, externamente, dotar São Paulo de elementos capazes de articular o desenvolvimento dos negócios, com a conseqüente ampliação das fronteiras de atuação.


O Decreto-Lei nº 2627 de 1940, instituiu a primeira Lei das S/A, estabelecendo procedimentos para a contabilidade como:

1.    Regras para a avaliação de ativos.
2.    Regras para a apuração e distribuição dos lucros.
3.    Criação de reservas.
4.    Determinação de padrões para a publicação do balanço.
5.    Determinação de padrões para a publicação dos lucros e perdas.

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução CFC 321/72 passou a adotar os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos como normas resultantes do desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos emanados da contabilidade, visando proporcionar interpretações uniformes das demonstrações contábeis. 

Em 1976 foi publicada a nova Lei das S/A nº 6404, significando uma nova fase para o desenvolvimento da contabilidade no Brasil e incorporando de forma definitiva as tendências da Escola Norte-Americana.

Em 1981 a Resolução CFC nº 529 disciplinou as Normas Brasileiras de Contabilidade e a Resolução CFC nº 530 os Princípios Fundamentais de Contabilidade, os quais foram atualizados em 1993 pela Resolução CFC º 750.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

ETEC SALES GOMES Vestibulinho 2° Semestre de 2014!!!


O Vestibulinho do Salles Gomes, acontece de 6 em 6 meses

No momento as inscrições estão abertas.
Para mais informações acesse:


Habilitação
Período
Turmas
Eletrotécnica
Noite
1
Farmácia
Noite
1
Informática
Noite
1
Manutenção Automotiva
Noite
1
Mecânica
Tarde
1
Meio Ambiente
Tarde
1
Nutrição e Dietética
Tarde
1
CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA
Habilitação
Período
Administração
Tarde
Mecânica
Noite
Segurança do Trabalho
Noite

Calendário
  • 10/04 até as 15h do dia 07/05/2014 - Inscrições eletrônicas no sitewww.vestibulinhoetec.com.br
  • A partir de 02/06/2014 - DIVULGAÇÃO DOS LOCAIS DE EXAME
  • 08/06/2014 (domingo), às 13h30min - EXAME
  • 08/06/2014, a partir das 18h - DIVULGAÇÃO DO GABARITO OFICIAL
  • A partir de 04/07/2014 - DIVULGAÇÃO DA LISTA DE CLASSIFICAÇÃO GERAL
  • 10 e 11/07/2014 - DIVULGAÇÃO DA 1ª LISTA DE CONVOCAÇÃO E MATRÍCULA
  • 14 e 15/07/2014 - DIVULGAÇÃO DA 2ª LISTA DE CONVOCAÇÃO E MATRÍCULA
  • 16/07/2014 - DIVULGAÇÃO DA 3ª LISTA DE CONVOCAÇÃO E MATRÍCULA
  • 17/07/2014 - DIVULGAÇÃO DA 4ª LISTA DE CONVOCAÇÃO E MATRÍCULA
  • 18/07/2014 - DIVULGAÇÃO DA 5ª LISTA DE CONVOCAÇÃO E MATRÍCULA

Débito e Crédito



As palavras Débito e Crédito, na linguagem contábil, têm significados muito diferentes daqueles que têm na linguagem cotidiana.
É errado associar o débito e o crédito da contabilidade, com “subtração” e “adição” do financeiro. O correto é associá-los aos termos Destino e Origem, respectivamente.

Debitar significa anotar na coluna do Débito de uma conta, para aumentar o seu valor (se a conta representa um Bem ou um Direito), ou para diminuir seu valor (se a conta representa uma obrigação).

Creditar significa registrar uma importância na coluna de Crédito de uma conta, para aumentar seu valor (se a conta representa uma obrigação), ou para diminuir seu valor (se a conta representa um Bem ou Direito).


Há duas formas de os lançamentos débito e crédito serem feitos:


D- Estoque
C- Bancos

ou

Estoque
a Bancos


No primeiro caso, "D" e "C" significam débito e crédito, respectivamente. Já no segundo caso, o "a" sinaliza crédito, sem a necessidade de colocar a letra "D" antes da conta Estoque. Tem-se por mais usada a primeira opção.

Débito é a aplicação de recurso, enquanto Crédito é a origem do recurso aplicado. Ou seja, quando um contador faz um lançamento a débito em uma conta, significa que o dinheiro, o bem ou o serviço destina-se àquela conta. Agora, quando ele faz um lançamento a crédito em uma conta, significa que o dinheiro, o bem ou o serviço teve origem naquela conta.

Por exemplo: Uma empresa comprou um terreno do valor de $80.000,00. Para pagar à vista, foi usado o dinheiro disponível no caixa da empresa. Lançamos o registro destas duas contas da seguinte forma:

D- Imóveis (O terreno teve destino na conta em questão, já que faz parte dos imóveis da empresa.)
C- Caixa (O lançamento teve origem na conta Caixa, já que foi pago à vista com o dinheiro da empresa.)

Se uma conta recebe algo ou assume o compromisso de entregar algo, é debitada. Se uma conta entrega algo ou adquire o direito de receber algo, é creditada.

DOAR - Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

1 - Introdução

A demonstração das origens e aplicações de recursos é obrigatória para as companhias abertas e para as companhias fechadas com patrimônio líquido, na data do balanço patrimonial, superior a R$ 1.000.000,00, e indica as modificações na posição financeira da companhia.


2 - Forma de Apresentação

A demonstração das origens e aplicações de recursos indicará as modificações na posição financeira da companhia, discriminando:

I - as origens dos recursos, agrupadas em:

a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros;
b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital;
c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado;

II - as aplicações de recursos agrupadas em:

a) dividendos distribuídos;
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido;
d) redução do passivo exigível a longo prazo;

III - o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante líquido;

IV - os saldos no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.


3 - Origens de Recursos

As origens de recursos são representadas pelos aumentos no Capital Circulante Líquido, e as mais comuns são:

a) das próprias operações, quando as receitas (que geram ingressos de capital circulante líquido) do exercício são maiores que as despesas, ou seja, resultam do lucro líquido apurado exclusivamente das operações regulares da empresa.
Assim, se houver lucro, teremos uma origem de recursos, se houver prejuízo, teremos uma aplicação de recursos;
b) dos acionistas, pelos aumentos de capital integralizados pelos mesmos no exercício, já que tais recursos aumentaram as disponibilidades da empresa e, conseqüentemente, seu capital circulante líquido;

c) de terceiros, por empréstimos obtidos pela empresa, pagáveis a longo prazo, bem como dos recursos oriundos da venda a terceiros de bens do Ativo Permanente, ou de transformação de Realizável a Longo Prazo em Ativo Circulante.

Os empréstimos feitos e pagáveis a curto prazo não são considerados como origem de recursos para fins dessa demonstração, pois não alteram o Capital Circulante Líquido. Nesse caso há um aumento de disponibilidades e, ao mesmo tempo, do Passivo Circulante.

Enfatize-se que a depreciação, amortização ou exaustão, por representarem uma recuperação de fundos, devem ser adicionadas ao lucro líquido apurado no exercício, para efeito de elaboração da demonstração das origens e aplicações de recursos.

4 - Aplicações de Recursos

As aplicações de recursos são representadas pela redução do Capital Circulante Líquido entre o início e o término de determinado período.

As aplicações de recursos mais comuns que implicam na variação do Capital Circulante Líquido são as seguintes:

a) Imobilizações

Ocorrendo a aquisição de bens para o Ativo Imobilizado, investimentos permanentes ou aplicação de recursos no Ativo Diferido, tais fatos representam aplicação de recursos e, conseqüentemente, refletem numa variação líquida negativa do Capital Circulante Líquido.

b) Redução do passivo exigível a longo prazo

A amortização de empréstimos a longo prazo significa, em princípio, uma redução do passivo exigível a longo prazo e representa uma aplicação de recursos. Por outro lado, a obtenção de um novo financiamento representa uma origem de recursos.

Tendo em vista que o conceito de recursos é o de Capital Circulante Líquido, a mera transferência de um saldo de empréstimo do Exigível a Longo Prazo para o Passivo Circulante, por vencer no exercício seguinte, representa uma aplicação de recursos, pois reduziu o Capital Circulante Líquido.

c) Remuneração de dividendos

A remuneração de acionistas, decorrente de dividendos, representa uma aplicação de recursos, refletindo numa variação negativa do Capital Circulante Líquido.


5 - Conceito de Capital Circulante Líquido

Na linguagem simplista, conceitua-se o Capital Circulante Líquido como sendo a diferença entre o ativo circulante (disponível, contas a receber, estoques e despesas pagas antecipadamente) e o passivo circulante (fornecedores, contas a pagar e outras exigibilidades do exercício seguinte) em determinada data.

Quando o Ativo Circulante é maior do que o Passivo Circulante, tem-se um Capital Circulante Líquido próprio.

Quando o Ativo Circulante é menor do que o Passivo Circulante, tem-se um Capital Circulante Líquido negativo ou de terceiros.


6 - Transações Que Não Afetam o Capital Circulante Líquido

Além das origens e aplicações relacionadas anteriormente, há inúmeros tipos de transações efetuadas que não afetam o Capital Circulante Líquido, mas são representadas como origens e aplicações simultaneamente, como por exemplo:

a) aquisição de bens do Ativo Permanente (Investimentos ou Imobilizado) pagáveis a Longo Prazo. Nesse caso, há uma aplicação pelo acréscimo do Ativo Permanente e, ao mesmo tempo, uma origem pelo financiamento obtido pelo acréscimo no Exigível a Longo Prazo no exercício, como se houvesse entrado um recurso que fosse imediatamente aplicado;
b) conversão de empréstimos de longo prazo em capital, caso em que há uma origem pelo aumento do capital e, paralelamente, uma aplicação pela redução do Exigível a Longo Prazo, como se houvesse ingresso de recurso de capital aplicado na liquidação da dívida;
c) integralização de Capital em bens do Ativo Permanente, situação também sem efeito sobre o Capital Circulante Líquido, mas representada na origem (aumento de capital) e na aplicação (bens do Ativo Permanente recebidos), como se houvesse essa circulação do recurso;
d) venda de bens do Ativo Permanente recebível a Longo Prazo, operação que também deve ser demonstrada na origem, como se fosse recebido o valor da venda e, na aplicação, como se houvesse o empréstimo sido feito para recebimento a longo prazo;

e) depreciação, amortização e exaustão. Tais valores, lançados como despesa do exercício, diminuem o resultado, mas não reduzem o capital circulante líquido; representam redução no Ativo Permanente e redução no Patrimônio Líquido, mas não alteram os valores de Ativo e Passivo Circulantes. Desta forma, o valor desses itens registrados no ano devem ser adicionados ao Lucro Líquido para apuração do valor efetivo dos recursos gerados pelas próprias operações;
f) variação nos resultados de exercícios futuros representa lucros que, pelo regime de competência, pertencem a exercícios futuros, porém, já afetaram o Capital Circulante Líquido, ou seja, se o saldo de Resultados de Exercícios Futuros tem um aumento no exercício, significa que a empresa já o recebeu, aumentando o Capital Circulante Líquido, mas sem que o tenha registrado como receita, não fazendo parte do lucro do ano. Assim, como se trata de recebimento originário pelas operações da empresa, deve ser agregado ao resultado do exercício. Se houver redução do saldo desse grupo, deve ser diminuído do Lucro Líquido;
g) lucro ou prejuízo registrado pelo método da equivalência patrimonial para investimentos em coligadas ou controladas, esse resultado, que afeta o lucro da investidora, não afeta o seu Capital Circulante Líquido. Por isso, na apuração da origem de recursos das operações, esse valor deve ser diminuído do Lucro Líquido, se for receita; ou a ele acrescentado, se for despesa;

h) ajustes de exercícios anteriores; esses ajustes são registrados diretamente na conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados, não afetando, portanto, o Lucro Líquido do ano. Neste caso, os ajustes são efetuados nos saldos iniciais do balanço, nas contas a que se refere, como se já houvesse sido registrado nos anos anteriores, assim sendo, as origens e aplicações de recursos do ano já ficarão expurgadas desse efeito;
i) variações monetárias de dívidas de longo prazo, essas despesas afetam o lucro mas, por reduzirem o Patrimônio Líquido e aumentarem o Exigível a Longo Prazo, não alteram o Capital Circulante Líquido. Devem, por isso, também ser adicionadas ao Lucro Líquido do exercício.

7 - Tratamento Aplicável para o Prejuízo

As considerações acima foram feitas na situação em que as operações geram recursos, partindo do pressuposto de Lucro Líquido no exercício. Entretanto, se a situação é inversa, ou seja, quando as operações consomem Capital Circulante Líquido, isso representa uma aplicação e, como tal, deve ser apresentado na demonstração, no grupo de aplicações, como o primeiro item do grupo. Isso ocorre quando a empresa está operando com prejuízo. Entretanto, se a empresa está com prejuízo, mas em decorrência dos ajustes citados, as operações próprias apresentam uma origem de recursos (lucro), a apresentação do prejuízo e de seus ajustes deve ser no agrupamento das origens.

No caso da empresa apresentar lucro, mas os ajustes evidenciarem uma aplicação de recursos (prejuízo), a apresentação do lucro e seus ajustes deve ser no agrupamento de aplicações.


8 - Como Elaborar a DOAR

1º passo: obtenção do balanço final, depois de todos os ajustes, na data de encerramento do exercício, bem como do balanço de encerramento do exercício anterior.

Considerando-se que os balanços da empresa Gama S/A de 31.12.X1 e 31.12.X2 sejam os apresentados a seguir:

 
O total das três colunas deve ser igual a zero, como evidência de que se tomaram todas as contas e se apuraram corretamente as variações.

O valor de R$ 21.000 é a variação no Capital Circulante Líquido, valor esse que se pretende demonstrar como foi apurado. Por esse motivo, há que se apurar, para cada uma das contas não-circulantes, a movimentação ocorrida.

3º passo: análise da composição das variações ocorridas em cada uma das contas, como examinado a seguir.

a) Realizável a Longo Prazo

Conforme o livro Razão da empresa é composto pelas contas abaixo e teve a seguinte movimentação no período:

CONTAS
SALDO
EM 31.12.X1
ADIÇÕES
BAIXAS
SALDO
EM 31.12.X2
Empréstimos compulsórios
2.500
1.000
-
3.500
Impostos a recuperar
1.500
-
-
1.500
Títulos a receber
6.000
-
(6.000)
10.000
1.000
(6.000)
5.000

Assim, os R$ 1.000,00 de adições representam uma aplicação de recursos, pois reduziram o Capital Circulante Líquido, os R$ 6.000,00 de baixas nos Títulos a Receber representam origem de recursos, e o líquido entre ambas é o que resultou na redução nesse grupo no valor de R$ 5.000,00.

b) Investimentos

Esse grupo teve a seguinte movimentação:

INVESTIMENTOS
CONTROLADA
"OMEGA"
EMPRESA
"A"
EMPRESA
"B"
TOTAL
Saldo em 31.12.X1
25.000
3.000
2.000
30.000
Adição pela subscrição e integralização na empresa "BETA" e Empresa "A"
3.500
2.000
5.500
Baixa por venda do investimento na empresa "B"
-
-
(2.000)
(2.000)
Participação no lucro da controlada BETA pelo método da equivalência patrimonial
8.000
-
-
8.000
Dividendos recebidos
(1.500)
-
-
(1.500)
Saldos em 31.12.X2
35.000
5.000
-
40.000

A variação líquida total no grupo de investimentos é a seguinte:

- a subscrição e integralização no período, no valor de R$ 3.500,00, representa uma aplicação, pois reduziu o Capital Circulante Líquido;

- a venda de investimentos (feita pelo mesmo valor de baixa) por R$ 2.000,00, representa uma origem;

- o aumento nos investimentos relativo à participação no lucro da controlada, pelo método da equivalência patrimonial, no valor de R$ 8.000,00, caracteriza um aumento no Ativo Permanente, no entanto, tal aumento não reduziu o Capital Circulante Líquido, pois sua contrapartida está em receita do exercício; assim sendo, esse valor não entra como aplicação, mas como redução do Lucro Líquido nas origens para se chegar aos valores oriundos das operações;

- os dividendos recebidos no valor de R$ 1.500,00 representam uma origem, pois ingressaram na disponibilidade, aumentando o Capital Circulante Líquido.

c) Imobilizado

Nas fichas Razão da empresa foi constatada a seguinte movimentação do imobilizado da empresa em 19X2:

CONTA
SALDOS EM 31.12.X1
ADIÇÕES
BAIXAS
TRANSFE-
RÊNCIAS
SALDOS EM 31.12.X2
Terrenos
30.000
9.000
-
-
39.000
Edifícios
60.000
18.000
-
12.000
90.000
Máquinas e equipamentos
170.000
110.000
(29.400)
10.000
260.600
Veículos
20.000
11.700
(4.000)
-
27.700
Obras em andamento
30.000
55.000
-
(22.000)
63.000
TOTAL
310.000
203.700
33.400
- 0 -
480.300
Depreciação AcumuladaEdifícios
(15.000)
(7.700)
-
-
(22.700)
Máquinas e equipamentos
(90.000)
(50.000)
10.700
-
(129.300)
Veículos
(5.000)
(110.000)
(5.300)
(63.000)
2.000
12.700
-
- 0 -
(8.300)
(160.300)
Total líquido
200.000
320.000

Desta forma, houve uma variação líquida de R$ 120.000 no Imobilizado.

O valor das adições ao custo no valor de R$ 203.700 representam uma aplicação, e o valor da depreciação do ano no valor de R$ 63.000,00 deverá ser adicionado ao Lucro Líquido para apurar a origem das operações, uma vez que não afetou o Capital Circulante Líquido, pois foi lançada em conta de resultado.

d) Venda de Imobilizado

Considerando-se que as vendas do imobilizado foram efetuadas pelo valor de R$ 50.000,00, temos:

Preço de venda
R$
50.000,00
Valor líquido dos bens baixados
R$
20.700,00
Lucro apurado
R$
29.300,00

Neste caso, o valor de venda de R$ 50.000,00 entra como origem e o lucro de R$ 29.300,00 como redução do lucro líquido para determinar o ingresso efetivo de recursos das operações.

e) Ativo Diferido

Esse grupo de contas apresentou a seguinte movimentação no período:

CUSTO
AMORTIZAÇÃO
TOTAL
LÍQUIDO
Saldo em 31.12.X1
24.000
-
24.000
Adições no exercício ao custo
21.000
-
21.000
Amortização do ano
-
(5.000)
(5.000)
Saldo em 31.12.X2
45.000
(5.000)
40.000

Assim, as adições no ano ao custo no valor de R$ 21.000,00 representam uma aplicação e as amortizações no período, no valor de R$ 5.000,00 devem ser adicionadas ao Lucro Líquido para apurar as origens das operações.

f) Exigível a Longo Prazo

Esse grupo de contas teve a seguinte movimentação no período:

BANCO
"A"
BANCO
"B"
BANCO
"C"
TOTAL
Saldo em 31.12.X1 (saldo a longo prazo)
70.000
50.000
-
120.000
(+) Novos empréstimos
30.000
-
20.000
50.000
(+) Variações monetárias
25.500
13.000
3.000
41.500
(-) Transferências para o Circulante em 31.12.X2
(25.000)
(31.500)
-
(56.500)
Saldos em 31.12.X2
100.500
31.500
23.000
155.000


Neste caso, o valor do novo empréstimo no valor de R$ 50.000 representa uma origem. As variações monetárias lançadas em despesas financeiras não afetaram o Capital Circulante Líquido, pois, na verdade, não houve o ingresso de recursos, devendo ser adicionadas ao lucro líquido para se chegar aos recursos originados pelas operações.

A transferência para o circulante do valor de R$ 56.500 que representa efetivamente uma aplicação, pois aumentou o Passivo Circulante, diminuindo o Capital Circulante Líquido.

g) Patrimônio Líquido

As variações no Patrimônio Líquido são facilmente identificadas se a empresa tiver a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, pois tais variações são tão-somente as transações que aumentaram ou diminuíram o patrimônio total do exercício; transações essas que são extraídas da coluna total daquela demonstração.

Se a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresentasse os seguintes dados:

Saldo em 31.12.X1
R$
168.000,00
Ajuste de exercícios anteriores - mudança de critério de avaliação de estoques
R$
4.000,00
Integralização de capital
R$
91.000,00
Lucro líquido doexercício
R$
50.000,00
Dividendos
R$
10.000,00
Saldo em 31.12.X2
R$
295.000,00

Neste caso, o ajuste de exercícios anteriores no valor de R$ 4.000,00 que foi creditado em Estoques, sendo uma aplicação de recursos, mas a ser ajustada contra a variação no Capital Circulante Líquido, como se corrigisse o saldo inicial.

A integralização de capital no valor de R$ 91.000,00 e o Lucro Líquido do exercício no valor de R$ 50.000,00 representam uma origem de recursos.

Os dividendos no valor de R$ 10.000,00 representam uma aplicação de recursos.

Temos, assim, a composição líquida de todas as contas não circulantes, bastando agora dispor cada valor, já de forma ordenada, na Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, como segue:

DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS
EXERCÍCIO FINDO EM 31.12.X5.

ORIGENS DE RECURSOS:
Das operações – Lucro Líquido do Exercício
50.000
Mais: Depreciação e amortização
68.000
Variações monetárias de empréstimo a longo prazo
41.500
Menos: Participação de R$ 8.000 no lucro da controlada, menos dividendos recebidos no valor de R$ 1.500
(6.500)
Lucro na venda de imobilizado
(29.300)
123.700
Dos acionistas -
Integralização de capital
91.000
91.000
De terceiros -
Ingresso de novos empréstimos
50.000
Baixa do imobilizado (valor de venda)
50.000
Venda de investimentos
2.000
Resgate de títulos a longo prazo
6.000
108.000
Total das origens
322.700
APLICAÇÃO DE RECURSOS
Aquisição de direitos do imobilizado
203.700
Adições ao custo no ativo diferido
21.000
Integralização de novos investimentos
5.500
Aumento em empréstimos compulsórios
1.000
231.200
Transferência para o passivo circulante dos empréstimos a longo prazo
56.500
56.500
Dividendos propostos e pagos
10.000
Total das aplicações
297.700
Variação no Capital Circulante Líquido
25.000
Aumento no Capital Circulante Líquido (Após o ajuste no saldo inicial de ajustes de exercícios anteriores)
25.000

Demonstração do Aumento no
Capital Circulante Líquido

Saldo em
31.12.X1
31.12.X2
Variação
ajustado
Ativo Circulante
56.000
100.000
44.000
Passivo Circulante
(36.000)
(55.000)
(19.000)
Capital Circulante Líquido
20.000
45.000
25.000


A diferença entre o Capital Circulante Líquido apurada no 2º passo deste trabalho (21.000,00) e o valor ora apurado (25.000,00) correspondente ao valor de R$ 4.000,00 refere-se à eliminação do ajuste de exercícios anteriores relativo à mudança de critério contábil, cujo valor é baixado do Patrimônio Líquido e ajustado contra a variação do Capital Circulante Líquido, já que se refere a Estoques, que é seu componente.